Saturday, June 23, 2007

Momento Ranheta: O Ataque das Seqüências Malditas


“Já viu o novo do Shrek? E o Piratas do Caribe 3? Como não, você não viu os primeiros?”. Ultimamente tenho ouvido muito isso. Ouvi tanto que comecei a pensar sobre essa onda de continuações que nos assola. Desde que eu me conheço por gente existem seqüências dos sucessos, e não há nada de errado nisso. O problema é que ultimamente o número delas passou da medida. Só vejo franquias em cartaz. Listando somente as estréias das últimas semanas:

- Homem-Aranha 3.

- Piratas do Caribe 3.

- Shrek 3.

- Onze Homens e um Segredo 3.

- Quarteto Fantástico 2 (estréia dia 29).

Não quero discutir por que os estúdios gostam tanto dessas franquias. Todos as adoram, elas lotam cinemas, geram receitas astronômicas. Para gerir estas minas de ouro, a fórmula utilizada sempre foi explorá-las até que se esgotem. Leia-se: até que saia um filme tão ruim que se torne um fracasso de bilheteria, mesmo com a empatia e expectativa criada sobre os personagens.

Para explicar o aumento no número das continuações eu só vejo duas hipóteses, ou os estúdios estão fazendo melhores seqüências ou o interesse do público neste tipo de filme está crescendo. A primeira provavelmente não é verdadeira, já que a queda da qualidade depois do original é uma tendência natural. A criatividade vai se esgotando, as novidades também e o resultado geralmente é frustrante. Vide Homem-Aranha 3.

Então o que eu estou realmente tentando entender é por que o público gosta tanto de ver a mesma história repaginada. Neste ponto ainda não tenho uma opinião formada. Tem algum marketeiro, psicólogo ou palpiteiro de plantão na platéia deste humilde blog?

Peço ajuda ao marketeiro porque acredito que existe um efeito de marketing acumulado, fortalecendo a marca dos filmes, e ao psicólogo porque acho que há algo subconsciente envolvido. Veja, é mais “seguro” assistir algo que já se conhece. Evitam-se surpresas potencialmente desagradáveis. Além disso, acho que uma pessoa se sente obrigada a assistir as continuações de um filme que viu e gostou. Ou seja, as pessoas não têm opinião própria e a sociedade provavelmente está ficando mais medíocre.

Mas mediocridades à parte, minha reclamação é que essas franquias de qualidade duvidosa tiram espaço de grandes filmes com idéias originais. E não estou me referindo a belos dramas franceses ou cinema iraniano não. Estou falando de filmes de Hollywood, com boa divulgação e em exibição no cinema mais próximo. Um bom exemplo é o ótimo “Mais Estranho que a Ficção” (prometo resenhá-lo em breve), que chega em DVD sem o desempenho esperado nas bilheterias.Tenho a sensação que o grande público só vai ao cinema para assistir franquias de sucesso. E isto significa menos estímulo a produções originais.

Fim do momento ranheta. Voltamos à programação normal.

Sunday, June 17, 2007

O Grande Truque X O Ilusionista
"The Prestige" x "The Illusionist"

Os estúdios de Hollywood certamente têm bons espiões. Sempre que surge uma boa idéia, alguém vai lá e copia, e é por isso que de vez em quando aparecem alguns filmes irmãos, com o mesmo tema e lançados quase simultaneamente. Aconteceu com as animações Vida de Inseto e Formiguinhaz (1998), com os blockbusters Armageddon e Impacto Profundo (também 1998) e vários outros. No fim das contas não importa quem teve a idéia original, já que os roteiros acabam seguindo linhas diferentes. O problema é que depois de um tempo as histórias acabam se fundindo, pelo menos na minha cabeça. Qual dos dois era com o Bruce Willis mesmo?!? Por isso desta vez resolvi inovar com uma resenha dupla, com análise e comparação dos dois filmes de mágico de 2006: O Grande Truque e O Ilusionista.

O Elenco: Os dois filmes têm grandes atores no elenco. O Ilusionista é ancorado pelos sempre competentes Edward Norton (dispensa referências) e Paul Giamatti (Sideways) e embelezado por Jessica Biel (Blade – Trinity). O Grande Truque conta com Hugh Jackman (X-Men) e Christian Bale (Batman Begins) nos papéis principais, além de Michael Caine e a bonitinha Scarlett Johansson (é, eu sei, de novo…). Seria vantagem para O Ilusionista, não fossem as participações de Andy Serkis, o Gollum do Senhor dos Anéis num papel de humano, e de David Bowie como o cientista Nikola Tesla em O Grande Truque. Declaro empate técnico neste quesito.

Direção: O Ilusionista tem o desconhecido Neil Burger, que não compromete. O Grande Truque é conduzido por Christopher Nolan (Amnésia, Batman Begins). Ponto para o Truque.

Roteiro resumido:

- Em O ilusionista, o grande mágico Eisenheim (Norton) desafia a nobreza local pelo seu grande amor, a Duquesa Sofie (Biel), que tem casamento marcado e obrigado com o Príncipe Leopold. A historinha é conhecida, mas Eisenheim vai se utilizar de meios surpreendentes e elegantes para despistar as atenções.

- O Grande Truque é centrado na disputa de ego entre dois mágicos, Robert Angier (Jackman) e Alfred Borden (Batman digo, Bale), desde o início das carreiras até o desfecho, e as conseqüências trágicas desta competição para ambos. Os dois passam o filme tentando destruir a carreira, a moral e a vida do outro.

Logicamente que para ter um efeito “a arte imita a vida”, ambos os filmes tentam incessantemente enganar o espectador. Aquela coisa “preste atenção em outro lugar”... Claro que isto só torna esses filmes mais interessantes. O Ilusionista tem uma narrativa linear e um roteiro simples e competente. Tem um ar intimista e o amor como tema principal, deixando as mágicas em segundo plano e sem explicações.

O Grande Truque dá uma de Mister M. e explica como são realizadas as magias, que têm papel importante na trama, especialmente o ato “O Homem Transportado”. A narrativa é totalmente não linear, alternando flashbacks e flashforwards aos retalhos todo o tempo. Assim temos um filme mais complexo, difícil de digerir, mas o resultado final é grandioso, de ficar embasbacado mesmo. É um filme mais sobre atos e conseqüências.

Na avaliação final, 9 para O Truque e 7 para Ilusionista. São dois bons filmes, mas o primeiro é de longe mais surpreendente e desafiador. O Grande Truque te deixa perdido até o fim, já o Ilusionista deixa muitas pistas. Minha impressão é que O Ilusionista vai agradar mais as mulheres, enquanto O Grande Truque, mais os homens. Na dúvida faça uma sessão dupla e assista os dois, vai valer a pena.


Um bom ano ("A good year") - Drama - Nota 6

Um filme leve, porém não menos interessante... (continua)















Para quem leu o post abaixo (de "Rogue Trader") e de alguma forma se interessou pelo filme, vale assistir esta película de Ridley Scott. Diretor do excelente Gladiador ("Gladiator"), Scott prova mais uma vez seu conhecimento (inquestionável) em explorar histórias profundas de seus personagens. Em vez de discorrer sobre os costumes da Itália medieval, agora o palco é a França (e Inglaterra) do século XXI.

O filme conta a história de Max Skinner (Russel Crowe), um superstar do mercado financeiro londrino: sem escrúpulos e ambicioso ao extremo, Russel parece ter encontrado no topo da pirâmide britânica seu status quo de felicidade: seu sucesso do trabalho que todos o chamam de Maxmillion (=Max-milhão). Pois o ano que se segue provará que seus valores são outros...

Um certo dia, Max recebe um fax informando da morte de seu tio Henry (Albert Finney), um parente que há muito não via e que foi, em sua infância, seu mentor/criador. Max, como seu único herdeiro é chamado para cuidar de seu legado: uma decadente (e não menos interessante) vinícola no sul da França. Max, após hesitar algumas vezes (devida à sua agenda lotada) decide ir à França, disposto a se desfazer (e porque não, lucrar?) com a vinícola de seu falecido tio.

Essa viagem, que inicialmente iria durar somente alguns poucos dias, acaba durando mais do que o programado, deixando em Max um ano de inúmeras descobertas e reflexões. Porque ele fica na vinícola? O que faz um "animal" do mercado financeiro se estabelecer em um local tão inóspito? O bucolismo francês teria atraído Max? São perguntas que valem ser respondidas somente assistindo o filme.

Vale destacar no filme todas digressões que trazem à tela a infância de Max com seu tio. Ali na vinícola ele aprendeu todos valores morais, viveu momentos inesquecíveis etc.. As lembranças da piscina do local, das partidas de tênis, de seu relação com o caseiro, todos esse elementos fazem do filme um tanto quanto interessante. Max provalvemente não sabe, mas ali, naquele pequeno pedaço de terra, foi o único lugar em que ele realmente foi feliz.

Quanto ao (falso) moralismo que o filme tenta nos impor, ao descrever uma mudança tão radical de comportamento de Max eu fico com meu eterno ceticismo. Não acredito em grandes modificações de caráter, não acredito que esta história poderia ser verídica, porém também não tiro o meríto do filme, que é simples: entretenimento e reflexão. Enfim: recomendo assistir... =)

Links:

http://www.agoodyear.com
http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/bom-ano/bom-ano.asp
http://www.imdb.com/title/tt0401445/

Saturday, June 16, 2007


A fraude ("Rogue trader") - Drama - Nota 6

Quanto as bolsas subiram hoje? Qual é a cotaçao atual do dólar? Qual a taxa de crescimento da economia americana?

Se você responder de "bate pronto" todas as questões acima com certeza irá adorar este filme...











Baseado na história de Nick Leeson (Ewan McGregor), este filme narra a ascensão (e queda) de um mito no mercado financeiro. Nick começa a história como escrituário no Barings Bank, um antigo e tradicional banco inglês. Nick, diferente da maioria, não pretende continuar como empregado e se dedica full time ao serviço no banco..Sua ambição acaba o levando a uma promoção: um posto em Singapura, para cobrar antigos devedores do banco. Aproveitando a situação, Nick faz um excelente trabalho e neste meio tempo conhece sua colega de trabalho: Lista (Anna Friel). Os dois deixam de lado todo (falso) moralismo existente nas relações de trabalho e se envolvem amorosamente. Essa relação acertadamente não é o ponto principal do filme..

Nick, após seu bom trabalho, recebe um convite para comandar uma recém inagurada operação em bolsa do Barings Bank em Sigapura. Aquele que era seu maior sonho, trabalhar "diretamente" no mercado, se torna realidade em pouco tempo... Ele compõe uma equipe de jovens (e extremanente inexperiente) operadores e começa seu serviço. A operação em si começa com uma série de erros estruturais: como é pequena, ninguém faz auditorias e Nick tem total liberdade em seus agressivos movimentos.

Agora vem uma parte que poucos irão compreender: Nick é um trader (vulgo operador) de mercados futuros. Como tal, ele se expõe a um risco muito maior que o dinheiro que tem em mãos. Explicar esse tipo de operação não é o foco do filme (nem desta resenha), mas é ponto prinicipal para entender o decorrer do filme. Nick, com sua incalculável ambição, não aceita perder e acaba por cada vez mais se "afundar" em posições (leia-se: investimentos) que ele não tem como saldar. É a ambição desenfreada dele que começa a chamar a atenção na matriz do Barings em Londres.

Não demora muito e os problemas começam a aparecer... O restante da história creio que vale o leitor assistir e julgar. Vale lembrar que esta história é verídica e isso sim é o mais interessante: apesar de ser um filme, narra com precisão a euforia do mercado financeiro.

Nos dias atuais, onde todos acham no Brasil que a Bolsa de Valores é uma grande mina de dinheiro, onde cada cidadão por menor que seja seu conhecimento, quer comprar ações, é importante que se entenda a mensagem do filme...Eu diria que é um filme interresante, nada além disso (especialmente para leigos).

Para terminar vale lembra uma frase do célebre economista norte-americano Miltron Friedman: "There is no free ride" (algo como "nada vem de graça)..

Links:

http://www.imdb.com/title/tt0131566/
http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/fraude/fraude.asp

John e June ("Walk the line") - Drama - Nota 7


Uma agradavel surpesa este filme...














Quando vi que este filme iria passar na TV a cabo, simplesmente não lhe dei a atenção que deveria. A julgar pelo nome, pelo trailer, em nada me atraida esta história. Eis que eu estava buscando pela internet e descobri que, na verdade, este filme havia sido inúmeras vezes premiado (ex: Reese Whiterspoon ganhou o Oscar de melhor atriz com ele) e resolvi arriscar.

Não sou daquele tipo de pessoa que gosta de filme de época, muito menos histórias melosas de amor. E é isso que realmente me espantou nesta película. A história se passa nos 60 e conta toda trajetória, dos bons aos maus momentos, do lendário cantor americanos Johnny Cash. Personagem ímpar da fonografia norte-americana, Johnny Cash é BRILHANTEMENTE interpretrado por Joaquin Phoennix (de "Signs", "8mm", "Gladiator") e sua amada/odiada mulher (June Carter), também muito bem represantada por Reese Whiterspoon (de "Legally Blond"). Johnny Cash in persona foi quem escolheu os atores. E não poderia ter sido melhor..

A história em si não é tão boa quanto à dramaticidade que os atores conferiram à mesma:
Johnny Cash começou a carreira desacreditado na música, sua família e mulher o repreendiam por considerar que viver de sua música era algo improvável. Eis que Johnny não desiste e consegue um horário em um estúdio de gravação. Após isso, creio que vocês já conseguem imaginar/prever o decorrer dos acontecimentos: ele desaponta na paradas da Billboard, entra para o (sub)mundo das drogas, comete (inúmeros) adultérios..etc... Neste ponto a mensagem do filme é um tanto quanto moralista e, em minha singela opinião, correta: nada pode salvar alguém de tamanha instabilidade emocional além de um grande e verdadeiro amor. Johnny conhece em sua turnê June Carter, outra cantora folk dos anos 60 e os dois vivem um conturbado e saboroso caso. Em meio às confusões típicas do meio artístico (turnês exaustivas, falta de contato com familiares, etc) John acaba perdendo o seu único e verdadeiro amor: June.

É um filme único em seu nicho por alguns aspectos:
- ter uma biografia assinada e um elenco escolhido pelo prórpio protagonista da história rende uma veracidade que não podemos ignorar
- apesar de ser uma história de amor, não é em nada melosa ou previsível
- as músicas são em minha opinião muito boas, o que rendeu uma ótima trilha sonora (recomendo compra-la/baixa-la)
- a relação de Jonh com seu irmão falecido é tratada de forma sutil, porém eficaz. As memórias de sua morte trazem à tona sempre ótimas tomadas
- Reese Whiterspoon é o patinho feio que deu certo em Hollywood. A atriz se destaca neste filme e em todos os demais que tenho visto por não exagerar em suas feições, por ser fiel ao personagem e por mostrar que não só a beleza (artificial) de algumas atrizes faz sucesso na indústria americana
- o filme é longo, não tão facilmente digerível, e por isso tão interessante..!

Recomendo assistir...[]'s

Links:

http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/johnny-e-june/johnny-e-june.asp
http://hollywood.weblog.com.pt/arquivo/2006/02/walk_the_line.html